Acadèmia Valenciana de la Llengua reconhece a unidade do catalão

Governo valenciano ameaça a entidade por tal reconhecimento; a oposição critica o uso partidista que o PP faz contra o ditame científico da língua

Quinta, 06 Fevereiro 2014 07:10

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PGL - A Acadèmia Valenciana de la Llengua (AVL) acaba de publicar no seu web o Dicionário normativo valenciano (DVL). As definições do dicionário ratificam a unidade da língua catalã e, por este motivo, havia dias que a AVL sofria fortes críticas e ainda ameaças do governo autonómico, em mãos da direita espanholista do PP. Mas desde onte ao meio dia, sem qualquer apresentação pública, a obra  já pode ser consultada na internet.

O dicionário inclui a definição de "valenciano" criticada pelo governo pró-isolacionista: "Língua románica falada na Comunidade Valenciana, bem como na Catalunha, nas Ilhas Baleares, no departamento francês dos Pirineus Orientais, em Andorra, na faixa oriental de Aragão e na cidade sarda do Alguer, lugares onde recebe o nome de catalão." A definição de catalão diz: "Língua románica falada na Catalunha, nas Ilhas Baleares, no departamento francês dos Pirineus Orientais, no Principado de Andorra, na faixa oriental de Aragão, na cidade sarda do Alguer, e na Comunidade Valenciana, onde recebe o nome de valenciano."

Tal como explica a AVL numa advertência específica, a conselharia de Cultura encarregou ao Conselho Jurídico Consultivo um ditame para determinar se esta definição, e mais a de catalão, respeitam o estatuto dessa comunidade autónoma.

As ameaças do governo valenciano

A AVL tinha marcada a apresentação pública do DNV para terça-feira passada, mas por "razões de ajustes na aplicação informática da página web e por problemas técnicos no nosso server", tal apresentação foi adiada. Presumivelmente, no entanto, às ameaças e fortes críticas de membros do governo valenciano e de deputados do PP terão feito recuar inicialmente a entidade por ter ratificado a unidade da língua e ter admitido denominações compatíveis com a oficialista de "língua valenciana".

O presidente da Generalitat, Alberto Fabra, acompanhou o tom ameaçador que já empregara o secretário geral do PP, Serafín Castellano, perante a aprovação do DNV. O fato da AVL dizer que valenciano e catalão são denominacions compatíveis irritou o PP. Fabra disse que a instituição não cumpre aquilo que diz o estatuto e que ele encarregar-se-á de o fazer cumprir.

Concretamente, Fabra disse que o artigo 6 do estatuto dizia que a língua dos valencianos era o valenciano. "Todos aqueles que temos representação e responsabilidade em qualquer âmbito temos de defender as nossas senhas de identidade e a nossa língua, e o meu compromisso é de fazer cumprir o estatuto."

Segundo o jornal espanhol El País, quando lhe pediram se respeitaria aquilo que diz o estatuto precisamente sobre a AVL, como entidade responsável do regulamento sobre a língua, Fabra respondeu: "Não lhe darei mais voltas. O estatuto diz que a nossa língua é o valenciano e defenderemos isto por cima de tudo."

Serafín Castellano já dissera em segunda-feira que com esta definição de valenciano a AVL perdia a razão de ser e enfrentava-se "ao sentimento da maioria do povo valenciano". Num comunicado, insistia: "Equiparando o valenciano e o catalão, a AVL perde todo o seu sentido, porque foi criada precisamente para defender a personalidade da nossa língua."

E ainda, em nome do PP, sublinhava: "A defesa da nossa língua é irrenunciável e não permitiremos intrusões nem ataques aos nossos sinais de identidade, àquilo que nos define como povo, à nossa história e à nossa idiossincrasia."

Outra figura destacada do PP valenciano, o vice porta-voz no parlamento Rafael Maluenda, apressou-se a dizer que o novo dicionário era "uma vergonha e um desprezo aos valencianos'. Maluenda, que é o deputado das cortes mais veterano e membro da direção do grupo popular, assegurou que proporia ao porta-voz do seu grupo uma iniciativa para o dicionário ser retirado.

A oposição (PSPV-PSOE, Compromís e Esquerra Unida del País Valencià), por seu lado, mostrou unanimidade na hora de defender a independência da entidade, pedindo ao PP para não reviver o conflito linguístico com o seu menosprezo quer à obra, quer às teses científicas.

Sexta-feira, 31 de janeiro de 2014, uma jornada histórica

Numa jornada qualificada de histórica, a AVL aprovou sexta-feira passada por ampla maioria o DNV, fruto de doze anos de trabalho. Com 93.349 entradas, "aborda com normalidade a realidade linguística para superar os conflitos onomásticos". Assim, a AVL aceita "língua valenciana" como "a maneira mais tradicional" de denominar o idioma, apesar de ser "compatível" com outras denominações, como agora catalão.

A instituição deu um grande valor a esta aprovação: "A data de 31 de janeiro de 2014 marcará um antes e um depois para todos aqueles cidadãos que estimam o sinal de identidade mais emotivo e potente de um povo."

 

 

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